Como você desenvolve uma mentalidade de crescimento?

Flávia Lippi
5 min readMay 20, 2020

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A primeira chave para desenvolver uma mentalidade de crescimento é, na verdade, muito simples: é preciso entender que isso existe e que é possível mudar o cérebro.

A neurociência afirma que as estruturas do cérebro podem mudar tão rápido quanto duas horas. Nosso cérebro será diferente daqui a uma semana, e muito mais diferente ainda daqui a uma década. Pode ser uma mudança para frente ou para trás, ganhando ou perdendo habilidades. Depende do uso. Podemos utilizar a neuroplasticidade para o bem ou pra o mal — você decide.

Com a aplicação das descobertas da neurociência, podemos realmente mudar nosso cérebro e sua capacidade de processamento, assim como a maneira de processarmos informações.

Acreditava-se até bem pouco tempo que a neuroplasticidade era algo apenas para as crianças e que os adultos não tinham essa capacidade, ou, se tinham, era em pequena escala.

Isso já foi desacreditado. Sabe-se que o cérebro adulto também é capaz de intensas e profundas alterações, inclusive em estrutura.

Experimentar fazer as coisas corriqueiras do dia-a-dia de maneira diferente é um ótimo modo de melhorar a capacidade do cérebro de mudar.

Escovar os dentes com a mão trocada, andar de costas dentro de casa (depois que estiver acostumado, ande de costas no escuro), mudar o caminho para o trabalho, atravessar a rua e olhar de outro ângulo as mesmas paisagens.

Experimentar um prato diferente, conhecer novos lugares. Falar com pessoas que você nunca falou — a lista não para de crescer.

Quero convidá-lo então a firmar um compromisso com você mesmo para os próximos dois dias:

O que você pode fazer de diferente hoje?

O que você pode fazer de diferente amanhã pela manhã?

E à tarde? O que pode fazer de diferente?

Não deixe de fazer o seu combinado. Se comprometa com você mesmo e com a sua mudança rumo ao futuro que quer.

Agora uma dica da Carol Dweck, uma famosa psicóloga americana: foco no processo, e não nos resultados.

A segunda chave é se concentrar no processo mais do que nos resultados. Dweck disse que devemos elogiar os outros por seus esforços e por seu processo, em vez de elogiá-los por seus resultados. Por exemplo, é melhor dizer:

“Você estudou muito bem para essa prova e o seu trabalho duro realmente valeu a pena”, ao invés de, “você é tão inteligente, tirou nota 10!”

No primeiro exemplo, estamos nos concentrando e elogiando o processo da pessoa, que é algo que ela pode controlar. Assim, o resultado para ele passa a ser o processo.

Na outra situação, o outro aluno provavelmente começará a se associar ao resultado.

Não é fácil dizer a alguém que é preciso ter uma mentalidade de crescimento para ter mais sucesso em suas investidas. Cada pessoa que pretende iniciar uma mudança de mindset precisa internalizar que eles podem mudar seus resultados mudando o seu processo. Para isso, eles precisam saber como efetivamente criar um processo, alterá-lo e produzir resultados a partir dele.

A cientista sugere que você escolha uma atividade na qual você quer se tornar realmente bom. Por exemplo, digamos que você queira melhorar o seu Inglês para uma reunião importante. No diário, escreva seu processo para estudar inglês. Liste as etapas e quantifique.

Por exemplo:

· rever suas anotações uma vez por dia;

· escrever 10 palavras novas por dia;

· ler em inglês sobre o tema da sua reunião por 60 minutos por dia;

· treinar sua reunião com alguém por 30 minutos por semana.

Então, o processo foi solidificado e quantificamos tudo. Agora, é preciso focar num resultado que está procurando; você precisa visar uma meta. Vamos supor que a sua meta é fazer uma reunião sem nenhum erro em inglês. Se você conseguiu atingir esse objetivo em relação a sua reunião anterior, seu processo deu certo. Se não, você precisa modificar o processo. Aumentar mais uma coisa aqui e diminuir outra lá.

Acompanhar uma meta por escrito ajuda muito e promove uma mentalidade de crescimento; e isso mantém a nossa mente focada em um processo mutável. O processo pode funcionar como previsto ou não, mas isso não diz nada da pessoa. Não é que ele não funcione, ele apenas não funciona ainda — o processo é sempre maleável.

Vou te passar aqui quatro estratégias para minimizar o medo do fracasso e diminuir o estresse para o crescimento.

1. A fixação de metas de curto prazo é uma delas.

Metas imediatas, que me dão controle, me oferecem calma, pois são realizáveis e isso acalma a amígdala, o centro de alarme do seu cérebro.

2. Metas para a parte da manhã, metas para a parte da tarde de hoje ou no máximo amanhã.

Coisas simples que podem ser feitas ou que com certeza serão feitas, e que podem ou não ter relação com seu medo de fracassar.

3. Agora, quero que crie pelo menos três metas para os próximos dias.

Lembre-se que as metas têm prazo, são específicas, são relevantes, e precisam estar registradas, escritas. Isso cria novas sinapses cerebrais. Sinapses são caminhos neurais que ditam como a gente se comporta.

Grandes líderes admiram pessoas melhores do que eles. Tente encontrar pessoas, livros, professores, mentores e aprenda detalhes sobre o processo que eles criaram para si mesmos em uma determinada coisa que te interessa e que você pode incorporar ao seu próprio processo.

4. Faça coisas desafiadoras

Por fim, faça coisas desafiadoras. No começo do texto, te contei como aumentar a sua plasticidade cerebral para o aprendizado. Então, desafie-se.

Acho o trabalho da Carol Dweck super bacana, e resume bem muitos estudiosos. Mas preciso e quero fazer um alerta. Além do mindset que precisa ser modificado, da mentalidade fixa para a mentalidade de crescimento, você também precisa iniciar um processo de autoconhecimento antes de qualquer coisa. Se você souber como o seu corpo funciona, como sua mente funciona e como você reage frente à vida, vai perceber claramente o momento exato em que está entrando em um comportamento estagnador que pode te parar ao invés de te lançar para o mundo.

Vou terminar com uma frase da própria Carol Dweck:

“… O caminho para uma mentalidade de crescimento é uma jornada (vitalícia), não uma proclamação”.

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Flávia Lippi
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Written by Flávia Lippi

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