3 dicas para líderes impactarem positivamente a saúde mental de seus times

Flávia Lippi
5 min readApr 15, 2024

Se você é um líder, aposto que já está cansado de ouvir como a saúde dos colaboradores tem um custo de bilhões de dólares para as empresas em todo o mundo.

A Organização Mundial da Saúde estima que, globalmente, as empresas perdem US$ 1 trilhão de dólares por ano em produtividade perdida por conta da saúde mental dos seus colaboradores.

Uma das maiores empresas de consultoria organizacional do mundo, a Gallup, publicou na Harvard Business Review uma análise agregando décadas de dados coletados sobre variáveis que levam a resultados positivos tanto para as empresas como para os colaboradores.

E a principal variável que eles identificaram foi o nível de engajamento com o trabalho.

A importância da saúde mental no trabalho

Um alto nível de engajamento ajuda as empresas a terem maior produtividade com seus times, produtos de maior qualidade, e, claro, maior lucratividade.

Só tem um problema: pessoas ansiosas e estressadas não conseguem ter alto engajamento com o seu trabalho.

Uma pesquisa publicada na revista Cogent Business & Management por pesquisadores paquistaneses mostra que baixos níveis de engajamento levam a diminuição da moral e da produtividade das equipes, aumento da rotatividade, maiores índices de acidente de trabalho e grandes perdas financeiras para as empresas — que poderiam ser evitadas.

Por outro lado, colaboradores satisfeitos e engajados relatam 74% menos estresse, 106% mais energia no trabalho, produtividade 50% maior, 13% menos dias de afastamento por doença, 29% mais satisfação com suas vidas e tem 40% a menos de chance de terem burnout.

Quem compartilha esses achados é o Paul Zak, um neuroeconomista americano que desenvolveu pesquisa pioneiras nessa área, estudando biologia, psicologia e neurociência para entender melhor a parte biológica das nossas tomadas de decisão.

Na sua pesquisa ao longo de mais de 10 anos, o Paul Zak chegou à base do que diferencia uma empresa onda os colaboradores se sentem engajados e participativos, de empresas onde as pessoas não se sentem bem no ambiente de trabalho.

Segundo ele, a principal diferença é uma cultura de confiança entre os líderes e suas equipes, indo desde a alta liderança e cargos executivos até os estagiários e profissionais que estão no começo das suas carreiras.

Em empresas que promovem uma cultura de confiança, os profissionais colaboram melhor uns com os outros, ficam mais tempo em seus cargos, têm níveis menores de estresse e reportam estar mais felizes em suas vidas como um todo, não apenas no trabalho.

Quando nós temos uma cultura de confiança dentro das empresas, pautadas pela liderança, nós temos o poder de romper ciclos tóxicos de sofrimento das pessoas e criar um espaço de trabalho que proteja a saúde mental de todos que trabalham ali.

Para muito além dos resultados financeiros para as empresas, essa é a porta de entrada para uma revolução na nossa sociedade na maneira como nós nos relacionamos uns com os outros. Facilitar ambientes para criarmos relações mais profundas e significativas é a chave para um futuro onde as pessoas podem ser mais felizes e saudáveis.

Insights da neurociência para líderes

Agora que você conhece um pouco mais sobre o impacto da saúde mental sobre a produtividade dos times, pode estar se perguntando o que fazer no seu papel como líder.

Abaixo, vou compartilhar alguns insights da neurociência que baseiam soluções para empresas desenvolverem suas lideranças e estimular ambientes e relações que fortaleçam a saúde mental de todos os seus profissionais.

1. Reconheça o esforço e conquistas da sua equipe

A neurociência mostra que o reconhecimento tem maior efeito sobre a confiança quando acontece imediatamente após uma conquista importante, quando parte dos próprios pares de um colaborador, e quando é tangível, pessoal e pública.

A gente pensa muito no reconhecimento associado a metas, se a equipe bater a meta precisa reconhecer o esforço. Mas na verdade, vai muito além disso.

Estar alinhado à cultura da empresa, superar as expectativas em um projeto complexo e até aniversários de tempo de casa na empresa são todas oportunidades excelentes para reconhecer uma pessoa pelos seus esforços.

Um estudo realizado pela Great Place to Work mostra que receber um obrigado genuíno dos líderes pode aumentar até 69% a probabilidade dos colaboradores melhorarem suas entregas e se dedicarem mais em suas tarefas.

Isso porque, ao elogiar alguém em público, você não está só incentivando aquela pessoa, mas também mostrando para todos da equipe quais qualidades e comportamentos são valorizados na cultura da empresa.

2. Desafie o seu time

O segundo insight diz respeito ao que nós chamamos na neurociência de estresse desafiador. Sabe aquela sensação quando você finaliza com sucesso um projeto mais complexo ou fecha com aquele cliente difícil? Essa sensação de conquista libera no nosso corpo alguns neuroquímicos, incluindo a ocitocina e adrenocorticotrofina, que intensificam o nosso foco em uma determinada tarefa e fortalece nossas conexões sociais.

Quando os membros de uma mesma equipe precisam trabalhar juntos para alcançar um objetivo em comum, a atividade cerebral dessas pessoas coordena os comportamentos do grupo de maneira mais eficiente, facilitando a colaboração e cocriação de novas soluções inovadoras.

Mas tem um porém que os líderes precisam se atentar: isso só vai funcionar se a sua equipe estiver equipada para lidar com a complexidade do projeto.

Se o prazo for curto demais ou as exigências estiverem acima da capacidade técnica do time, isso só vai causar mais estresse nos seus colaboradores.

Por isso é importante sempre fazer check-ins com suas equipes e se colocar à disposição para quaisquer recursos extras que eles precisem para finalizar um projeto. Além disso, é essencial que as metas sejam realistas, específica, mensuráveis e tenham um prazo bem definido para serem finalizadas — também conhecidas como metas SMART.

3. Dê liberdade para a sua equipe

O terceiro ponto para promover uma cultura de confiança nas empresas tem a ver com o microgerenciamento. Ou seja, dar liberdade e autonomia para que as pessoas realizem suas tarefas.

Quando você contrata as pessoas certas e oferece um treinamento adequado para esses profissionais, eles são os mais competentes para realizar as tarefas de um determinado cargo.

Eu sei que é um desafio abrir mão do controle, mas o papel do líder é desenvolver seus profissionais para que eles consigam tocar projetos por conta própria de acordo com as suas forças e talentos.

Espero que essas dicas te ajudam a virar a chave que você precisa para transformar a sua carreira e conquistar produtividade sem perder a saúde.

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Referências

Zak PJ. The Neuroscience of Trust. Harvard Business Review. 2017. Disponível em: https://hbr.org/2017/01/the-neuroscience-of-trust

Adnan N, Bhatti OK, Farooq W. Relating ethical leadership with work engagement: How workplace spirituality mediates? Wanasika I, editor. Cogent Business & Management. 2020 May 2;7(1). Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/23311975.2020.1739494

Hastwell C. Creating a culture of recognition. Great Place to Work. 2023. Disponível em: https://www.greatplacetowork.com/resources/blog/creating-a-culture-of-recognition

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Flávia Lippi

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